Livro de Victor Viana. O Menino do Guarda Chuva - Uma Historia de Búzios.

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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Finale ( um poema de amor ant-romantico, ou não )

 Parte de “O Verde Livro Tosco”


Você vinha
Como quem
Não vinha

Beijando-me
Sem boca
Alito, língua
Saliva

Tentei te abraçar
Mas era feita
De fumaça

Me senti
Romântico e bobo

Acho que sofri

Meu coração de pomba
Sacoleja solitário
No grande espaço
Da minha  caixa
                            Torácica

  
Não posso afirmar que houve-se um repudio ao Romantismo, mas talvez um desinteresse consciente. Digo consciente, porque éramos todos ligados a Barra de São João, e na maioria crescemos em torno da estatua de Casimiro de Abreu que fica na praça que leva o nome de um de seus poemas “ As Primaveras”.  E por sermos muito jovens o Romantismo ( talvez nem tanto os poemas) chamava a atenção pela vida de busca por aventura, mistérios e amores....afinal esses poetas eram na maioria também adolescentes como nós.

Mas se gostávamos não expressávamos, e assim criticávamos. E virávamos as costas, não totalmente srrsrs.  Eu adorava escrever poemas como esse, onde brincava com o Romantismo.  È um desafio escrever em português sobre amor sem traços de romantismo, é quase uma vaidade.  Aqui é clara a influencia de Drumond e sua poesia calcada no tédio da vida. A vida de um jovem na Região dos Lagos na quele tempo  ( ao menos a minha) era meio tediosa, um grande inverno sem grandes divertimentos, poucas mulheres disponíveis e uma sofrida espera pelo verão redentor que trazia mulheres em massa, na maioria superficiais, alem de apurrinhantes festas regadas a Axé Music e Funk Carioca.  Isso legitima o tédio amoroso desse poema.  As meninas que chegavam e despertavam tanto furor juvenil no coração e no sangue, logo partiam para suas cidades, e ficamos nós tentando encontrar alguém que preenchesse o vazio grande de um peito com  um pequeno coração de pomba dentro. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A Arte de Escrever o Nada ( Por Arildo Guimarães) poema novo usando os "Passos"


Arildo Guimarães - querendo ou não- um dos fundadores do Aglomerado de idéias Nova Ordem. 

Vai e escreva alguma coisa
Deite no papel sua lástima abrigada
Não precisam ser palavras dóceis
Nem admitir sua fragilidade
Mas diga alguma coisa
Se necessário arquitete seu idioma
Mas grite algo no papel
Não precisam ser palavras rimadas
Se precisar grite:
Vai tomar no cu!
Que sua poesia não tenha o cheiro das flores de maio
Que seja chata como o pólen primaveril
Suja como o bêbado vendo a lua da sarjeta
Mas escreva alguma coisa
Ociosa como uma puta numa manhã de segunda
Não se preocupe com os imaculados
Eles não conhecem a meia noite
Solte a verdade no seu peito
Destrave a trava e confia
Não espere que eles gostem
Não seja sutil, seja um elefante
Arranque esse punhal que te trava a alma
Se jogue nesse rio que não te levará a nada
E daí? Só não carregue essa cruz que não é sua
E confie
Escreva alguma coisa
Porra, caralho, buceta, foda-se
Isso, você está chegando lá
Continue, escreva alguma coisa.

Ps.  Nas entrelinhas uma homenagem a Fito Paez, Drummond e Miguel

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Não vou esperar cair dom céu. ( Algo novo feito a partir dos passos)

Não vou esperar cair do céu.
Não vou esperar nada. Nem a volta de Cristo, nem a volta dos Beatles, não vou esperar nada.
Não espero que nada caia do céu, não cairá.  Nem um tostão de sol mendigarei de você.
Minhas pernas foram feitas para andar. E andarei pelos sete cantos do mundo, eu andarei.
Não vou esperar cair do céu
Nem chuva, nem dólares ou maná.
Preciso trabalhar, suar.
E não me adequar
a linhagem dos putos
que comandam esse mundo.

Victor Viana  @VianaVictor