Livro de Victor Viana. O Menino do Guarda Chuva - Uma Historia de Búzios.

Livro de Victor Viana. O Menino do Guarda Chuva - Uma Historia de Búzios.
Já a venda ( clique na imagem) R$ 5,40

sábado, 26 de junho de 2010

Erros são acertos ( Victor Viana )


Erros são acertos Sim, a idéia está calcada na utilização de nossas próprias deficiências para criar uma expressão artística legitima. Há pessoas que são em alta medida eruditas e trabalham a partir de um ideal de perfeição, na maioria das vezes vindo dos ideais gregos e estendendo-se ao Renascentismo e coisa e tal. É importante citar as influencias; havia em nossa mente adolescente ( através da grade curricular das escolas de segundo grau publicas ) as contribuições dadas pela semana de 22, como o uso de pleonasmos, cacofonias, bairrismos lingüísticos...mas nunca nossas influencias podem ser avaliadas somente pelo que líamos por prazer ou obrigação. È importante entender o que ouvíamos, as letras de musica são chave que abrem bem as portas do que intuímos com esses passos. Podemos dar como exemplo as pronúncias regionalistas das letras de Zé Ramalho e Geraldo Azevedo ou o carioquez com palavras inventadas de Luiz Melodia passando por coisas de Rap e por ai vai...
Eu me lembro que eu gostava bastante de ir, enquanto andava de ônibus, olhando as frases pixadas nos muros e anotava as que me chamavam a atenção não somente pelo conteúdo mas também pelos erros de ortografia ou concordância que davam um charme todo especial a frase. Eu que eu posso mais dizer sobre esse passo? Posso dizer sobre mim; Trabalho a partir de minhas imperfeições, sou extremamente errôneo em minha escrita formal ( alem de ser dislexo ), sempre gostei mais da interpretação do texto ( Que dava menor nota) que do estudo da gramática ( Que dava a maior nota), por isso optei ( Ou não) por trabalhar com os erros, amá-los até. Mas é evidente que escrever errado simplesmente errado não faz de alguém artista. È preciso justamente desta consciência de que “erros são acertos” e trabalhar nisto. Isso se reproduz nas artes plásticas, o que se considera errado se torna o a arte certa ( Vide a obra de Naldo Marquez em www.clicfolio.com/naldomarquez como também se pode dar na musica popular, o violão de Jorge Benjor ( A minha geração conheceu ele já com o “jor” no final) foi classificado como tocado de forma errada e está certo, não está!? Mas é evidente que sempre se pode caminhar para uma visão mais filosófica das coisas, mas ver a parte filosófica de “Erros são Acertos” seria muito denso ( até chato ) aqui para este espaço.


( Eu diante de um acerto )

Volte para o Bar em Búzios no Link a baixo
http://projetoexperimentalbuzios.blogspot.com/

sábado, 19 de junho de 2010

Vanda. A micro-novela de Arildo Guimarães...



Estes são os dois primeiros capítulos da micro-novela “Vanda” de Arildo Guimarães, um dos, quer ele queira ou não, fundadores do aglomerado de idéias “Nova Ordem”. Desse grupo aqui no Face Book estão Arnaldo Marquez, Victor Pinto Viana, Arildo Guimarães, Alex Pinto Pedreira, Luis Maciel.

Confiram “Vanda” e sigam essa historia no
www.curingadebuzios.blogspot.com

CAP I: O QUARTO



Sentada sobre a cama a mulher olhava fixamente a janela e o dia de sol lá fora. Por entre a sua visão e a imensidão do mundo uma bela grade de proteção se estendia pela janela. Aquilo era um sinal de proteção, que deveria impedir aos que viessem de fora invadir o pequeno mundo de Vanda. Mas a mulher alisava a sua bela gata, que se espreguiçava sobre a cama e amolava suas unhas sobre a colcha branca, onde, aliás, era tudo branco naquele espaço. A gata agora olhava também a janela e vigiava com seus olhos felinos uma enorme borboleta que passeava contra a luz do sol e num repente ela pulou sobre a pequena Vanda, deu um salto sobre a cama até a janela e passou entre os ferros da grade e ganhou a liberdade do mundo, onde uma borboleta azul fazia peripécias acrobáticas no ar e a gata branca tentava a todo custo pegá-la.
Vanda ainda sentada sobre a cama sentiu-se mal, como se todo o branco do quarto avançasse sobre ela e o espaço que antes era um refúgio tranqüilo parecesse uma prisão inócua e sem vida. Mas seus olhos se fixaram na janela e a mulher como a gata deixou que a sua visão ultrapassasse as grades fortes de ferro e tomasse o mundo lá fora.
Como uma borboleta grandes asas de mariposas simplesmente nasceram no corpo esguio da mulher, impedindo que ela caísse sobre a cabeça de mil transeuntes que não estavam ali, aliás, lá fora não era o quarto de Vanda. Ela se assustou, mas as asas agora a levariam a qualquer lugar. O mundo lá fora não era mais o mesmo que a mulher um dia sonhou desbravar, tudo tinha um colorido azul, ora mudava para o verde, o vermelho. Era um mundo de cores e ela simplesmente voava com asas que não eram suas, mas que a levaram até uma enorme fila.
Vanda entrou na fila, lá na frente um grande cavalo sentado num belo trono de alfafa recebia oferendas de todos os tipos e lugares do mundo, muitos estavam ali para beijar os seus lindos cascos fendados. Ela olhou em volta e viu que ali tudo era de ouro, do chão ao teto, tudo era ouro polido e brilhante, mas aquele ouro lamentava algo. Velhas histórias de sofrimento e dor. Não era um ouro puro, era o ouro das almas perturbadas e dilaceradas a muito em um mundo que Vanda desconhecia. Despertando novamente a sua consciência, Vanda olhou em sua mão e lá estava um papel com o número 665, que marcava o seu lugar na fila para o Grande Cavalo. Ela sentiu que o dono do número 666, sussurrava algo em seu olvido, algo sobre liberdade e revolta e prazer. Logo sentiu que uma língua grande e escorregadia entrava por baixo do seu vestido e penetrava em sua vagina. A mulher teve um êxtase e desmaiou naquele mundo onde tudo que era para ser, só seria depois do fim do mundo.



CAP II.







OS FILHOS DE VANDA












Sentado na lua um insone observava a terra que lá de longe parecia um lugar calmo e tranqüilo. Mas nada era tranqüilo para Vanda, sua barriga crescera tanto que ali deveria ter pelo menos umas seis milhares de crianças, aquelas que foram mortas no massacre impetrado por Herodes o Grande, num tempo esquecido e que ninguém mais se lembra.
Vanda sentia-se muito mal, a hora estava chegando e ela caminhou até uma praia, ali seria o lugar onde ela iria dar a luz. Mas o barulho da música que vinha por todos os lados a atormentava, um milhão de pessoas dançavam freneticamente uma música que se repetia durante mil anos e ao fim do festim aquelas pessoas num transe frenético começaram a brigar uma luta que durou toda a estação das chuvas e no final jazia sobre a areia de Copabana um milhão de corpos que forram varridos e escondidos sobre a bela estátua do cristo redentor, que de braços abertos prometia abraçar toda a cidade.
Vanda caminhou até a água, mas aquela água do mar estava suja, um milhão de sapos e pererecas nadavam naquelas águas, mas a criaturas mais perigosas eram as bocas difamadoras que ali estavam perdidas há alguns séculos a espalhar mentiras sobre todas as coisas conhecidas. Aquelas bocas tinham a forma de um peixe, mas poderiam ser cobras no virar da noite e durante a manhã se transformavam em papel cheio de hieróglifos que recolhidas pelo governo eram vendidas como jornais, que depois de lidas e espalhar suas vulgaridades e obscenidades novamente eram descartadas e vinham dar na praia, onde se transformavam em bocas difamadoras.
Era chegada a hora, a mulher iria parir logo, e não havia um lugar sobre a terra que pudesse acolher aquela que daria luz as criaturas mais importantes já vistas nesse planeta que era observado pelo insone, que agora não mais na lua estava sobre o sol.
Depois de muita dor, e de gritar sem que ninguém viesse a ajudar a mulher deu a luz a sete seres. O primeiro foi o ponto, depois a vírgula, depois ao dois pontos, após a exclamação, o ponto e vírgula veio a seguir, um pouco depois nasceu à bela reticências e mais um pouco veio a nascer à interrogação.
Ali naquele lugar abandonado aquelas criaturas observam a sua mãe, uma mulher pequena e miúda que nunca antes saíra do seu quarto e agora era mãe de sete filhos incríveis. Cada um deles cresceu rápido e forte, mas o mais importante dele a interrogação era assediada por todos os povos do mundo pelo caos que ele poderia criar. Alguns achavam que aquela criança deveria ser queimada logo, outros tinham muito medo do que ela poderia trazer ao mundo, principalmente os demônios de vermelho. Deixar aquela criatura a solta seria um grande perigo, pois ela poderia despertar no homem a dúvida, e o homem nunca deveria duvidar daquilo que a TV dizia daquilo que o Grande Cavalo ordenava. Então Vanda vendo que ela e seu filho corriam risco fugiram dali escondidos dentro de uma carroça de ciganos que estavam passando pela praia de Copacabana.

CAP 3



O MUNDO DE VANDA... CONTINUA EM BREVE...














Arildo Guimarães foi ( mesmo que não goste de lembrar disso) um dos fundadores do aglomerado de ideias que alguns chamam de movimento, outros de ant-movimento "Nova Ordem". O texto "Vanda", foi uma das primeiras criações dessa trupe, e hoje pode finalmente sair das brumas da lenda e se revelar real e concreto.


terça-feira, 8 de junho de 2010

Um pouco mais da tosquesa esverdeada de um poema. ( Texto copiado do face Book de Victor Viana ) Por Esmael Carolho.

Existe um modelo clássico de arte ( Não é uma critica, é só uma constatação ) que está sempre calcado nos pilares de um ideal de pureza greco-romano ou cristão-judaico. Isso é algo natural, visto estas influencias estarem nas raízes do ocidente. Mas há como poesiar estando fora dessas influencias? Seria possível isso a pessoas nascidas e criadas nesse contexto? “Uma beleza clássica! Uma bundinha perfeita!”, acho que ouvi alguém dizer isso em um filme. Mas daria para poemar sobre uma bundinha imperfeita? Mas o próprio conceito de perfeição não é questionável, como já conversamos parcialmente na reflexão “O feio é belo’? Em “O verde livro tosco” eu não reflito sobre nada disso em um plano filosófico, não esperem isso deste livro. Tudo isso que acabei de dizer está lá apenas de forma estrutural...apenas...é uma poesia verde ainda e escrita de forma muito tosca, como seria de se esperar já que esse é o nome do livro.


Com se divide um livro verde:

Eu dividi o livro em três tominhos. O que é tominhos? Tominho vem de tomos! È tipo assim, “Esta obra de Platão é dividida em 300 tomos!”, entendeu? O meu é dividido em 3 tominhos rsrsrsrsrsr. È só isso!


Como se organiza uma poesia tosca:


Cada tominho contem três fazes de um mesmo projeto poético ( Um projeto em desordem, bem Nova Ordem ) .

• O primeiro tominho é uma poesia solta, solta mesmo, sem métrica, pontuação, acentuações casuais... há rimas, mas nem sempre elas rima, entende? Também não há conteúdo. Como assim? O que digo não tem conteúdo, não tem discurso talves explique melhor. São só palavras, aliniterações, anomatopeias, cacofonias e outros espasmos. Vejam um pouco do que estou tentando explicar:

Sombras brincos
Duvidas brincam
Claras bem leves
Todos os na saudade
Dias claros das palavras
De sombra ditas ao pé da orelha



Regras do ramo
Tempos o mais bonito
Caminhos brota flor
Infinitos brota amor

Percorro de multicor
Ao sul corte indolor
A vida A morte


Pinos frouxos
Loucos botões
Da blusa
Azul aberta





Deste um sonho
Condenado
Fado árduo
Que perdeu-se
Nova ordem
Sonda-me
No escuro
Que sou eu


Mais um pouco do tominho 1 do Verde Livro Tosco:




Eu pedi
Mas não recebi
O seu coração
Se foi
Na nova tristeza
Que há
Eu sei
Que sei
Que há o
Seu coração
Que se vai


Porta batendo
Inferno inferno
Me corroendo
Dentro a dentro
Dentes rangendo
Porta arrombada
Inferno eterno


Vou a casa
De quem
A casa de
Quem me quer
Espero estar lá
O quem me quer



Pessoa
Que ressoa nos
Meus ouvidos
Pessoa
Eu queria-te
Eu seja-te para mim


Suma solução
Vã é tu
Oh pensação
Que arde a cuca
Desorienta o coração






Cuida coisa
Com tudo
Tudo na mão
E serás tão
Imensidão

Agora chega, vamos ao tominho 2 :


• O Segundo tominho já há uma reflexão, alguma tentativa de expressar alguma coisa, mas tudo está meio verde ainda, já não é tão tosco quanto no primneiro tominho, mas não está pronto...quer dizer e pensa que diz alguma coisa...mas está verde ainda. Vejamos:




Ela gargalhava

Tomava na cara
Gargalhava
Tomava na cara
Comia bostas
Gargalhava
E tomava na cara












Absurdo
Um buraco no céu
Absurdo
O surdo
Céu
Sem buraco
Surdo
Surjo
Sujo
Subo
No buraco do céu
Absurdo
Um insulto
Envolto
Num céu
absurdo






Você brota no escuro
Flor da madrugada
Você desperta no breu
Sol da meia noite
Eu lhe vejo da janela
Da janela eu te quero
Sim mulher te quero
Te quero mulher te quero
Luz sem fonte
Que ilumina a rua
Como um espectro
De virgem
Que em meus sonhos
Aparece nua











A morte da estrela

Estrela morrendo
Em que universo alem?
Sopro nas narinas de barro.
Big bang!
Um universo em expansão
O fim virá?
O que havia antes de Deus
Acordar?
<<>>
desatinos da ciência
Big Bang!
O tempo do mundo
Não é o tempo do meu coração.







O finale

Você vinha
Como quem
Não vinha

Beijando-me
Sem boca
Alito, língua
Saliva

Tentei te abraçar
Mas era feita
De fumaça

Me senti
Romântico e bobo

Acho que sofri



Meu coração de pomba
Sacoleja solitário
No grande espaço
Da minha caixa
Torácica

















• O terceiro tominho quebra toda essa falsa idéia que talvez estivesse passando por sua cabeça de que havia um caminho de evolução no “Verde Livro Tosco”. Não há. O terceiro tominho são poemas símbolos. Sim, há uma influencia de poesia concreta. Sim há por que fingir que não, negar? Líamos sim poesia concreta, não só os irmãos Campos, como também gostávamos muito do que Arnaldo Antunes produziu na década de 90, tanto em livro como em musica e letra.























Acho que esse poema nem é tão concreto assim, mas eu o acho maneirinho:

Sol Nascente
Sol

Sol
Sol

Sol de manhãzinha
Sol de 11 horas
Sol Meio dia
Sol uma da tarde
Sol da tardinha
Sol
Sol
Sol
Sol poente






Esses são alguns dos poemas que compões os três tominhos do Verde Livro Tosco. Não é verdinho? E não é tão adoravelmente tosco?



OBS: vocês devem ter reparado que pouquíssimos poemas tem nome. Eu tenho essa dificuldade alem de muitas outras como dificuldade para dormir e acordar cedo. Naldo Márquez um dia me disse para numerar os poemas, já que não tinha nomes e era difícil se situar sobre eles assim. Naldo Márquez é um cara pratico.

Victor Viana

www.curingadebuzios.blogspot.com
www.movimentonovaordem.blogspot.com